A humanidade, em geral, infantil e imatura espiritualmente, sofre o terrível flagelo da
destruição de sua saúde, de seu meio ambiente, de seus valores morais e de suas instituições sociais.
Antes, poderosas e praticamente indestrutíveis, oligopólios mundiais da energia, da
comunicação da rede bancária e das indústrias de bens consumo, citando-se apenas alguns,
hoje carecem de recursos e clientes rareados pela pandemia, catástrofe de origem puramente humana e não sobrenatural.
Os governantes, responsáveis pela cura da auto-aniquilação planetária, ignoram as
diferenças políticas ideológicas nacionais e internacionais, comercializando globalmente as
vacinas curativas.
Foi necessário que uma dor coletiva mundial, provocasse o sentimento de fraternidade
ao mesmo patamar, diante da calamidade mortal.
É triste saber, que deveria existir uma vacina imunizante à praga do egoísmo, para que
o amor fosse um contágio global, ao invés do Corona-vírus.
Adoentado pelo egoísmo, a alma humana ainda nem consegue amar a si mesmo, o
que lhe daria poder sobre seus sentimentos ,pensamentos e comportamentos, pois o amor
tem poder de criá-los, mudá-los ou extingui-los.
Em família, no pioneiro entrosamento social, amadurece o sentimento recíproco, com
todos os percalços do convívio comum, conflitante de opiniões, gostos, idiossincrasias,
tolerância, perdões, ódio, vingança e redenção.
A próxima escala configura um desafio maior do que o amor familiar, no conhecimento
da alma “gêmea”, que só consegue amar mais a nível fisiológico, corporal, sexual, intelectual e social, do que espiritualmente.
E a maior prova do desenvolvimento do sentimento unificador, se dá não somente
pelos momentos da união do casal, mas também, nos momentos de separação, quando cada um parte para seu caminho oposto à procura da felicidade, desejando a mesma sorte para a ex alma “gêmea”. Os casos de homicídio pós separação mostram que foi preferido o uso do poder do ódio separatista, causando tal comportamento mortalmente imaturo.
O último degrau de amor sobe mais alto, podendo ficar inatingível plenamente,
quando a alma social interage profissionalmente, conhecendo um poder ferozmente
competitivo: o poder sobre o subalterno, que aliado ao poder do dinheiro anexado, seduz
loucamente, o sedento pelo sentimento substitutivo, do único alimento espiritual vital, capaz de lhe preencher o ser.
A dieta maligna desequilibra o organismo transcendental, pelo excesso de valores
materiais, provocando a carência amorosa. O consumo do poder terreno o consome,
dominando-o, à medida que cada vez mais passa a dominá-lo e possuí-lo, numa corrida sem
sentido, e fim catastrófico.
Todo empreendimento, da micro-empresa, à multinacional, se dominado pelo poder
individualista, em sua infraestrutura, procurará dominar o mercado de seu produto, de
idêntica maneira, embutindo nele, as características gananciosas e eventualmente prejudiciais ao consumidor, na prevalência do lucro abusivo e extorsivo.
O progresso da firma em questão, alijado do encargo humanitário, torna-se mais fácil,
dinâmico e veloz, conquistando, com a sorte ajudando, mais e mais posições desde o ranking local, até o mundial, onde milhares de outras empresas, sob o mesmo método agressivo e desumano, procuram a hegemonia do mercado competitivo.
Junte estas empresas, privadas ou públicas, em todos os setores, em todos os países,
sob o domínio exclusivamente do comércio das necessidades e desejos materiais, em
detrimento dos freios espirituais do respeito, compaixão e amor ao próximo, e teremos o atual cenário global, após séculos de letargia, ignorância e obscurantismo espiritual.
O amor exagerado, tachado de piegas, dá lugar ao preconceito, intolerância e ódio a
todo perfil de cidadão estranho no ninho. A luta social e legal, pela valorização falha e tardia
da cor, de sexo e da diversidade de gêneros, entre outros, tira do armário o sofrimento e
perseguição históricos dos segmentos sociais dominados pelas classes poderosas mal amadas e mal amantes.
A humanidade precisa sarar-se da pandemia isolacionista, egocêntrica, e danosa da
falta de amor, para viver plenamente em paz, união e sabedoria, sem o domínio material
autoritário sobre o semelhante, mas com domínio espiritual cooperativo e construtivo, única
via possível ao preenchimento etéreo do vazio da alma, ainda aprendiz do sentimento
universal, oriundo de Deus.
Wilson Nomura
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