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Foto do escritorWilson Nomura

“E se a Terra for o inferno de algum outro planeta?”




No governo ideal, o presidente e seus asseclas, sejam deputados, senadores, juízes e todos servidores públicos hierarquia abaixo, não fazem politicagem em beneficio próprio, mas em beneficio ao país, respeitando a constituição, fonte de todo o restante das leis vigentes.

Os três poderes, executivo, legislativo e judiciário trabalham em conjunto, contrapondo-se entre si, evitando-se excessos e deficiências mútuas e recíprocas, buscando-se o equilíbrio dinâmico do poder democrático.


O STF e instâncias inferiores defendem os direitos do cidadão, resolvendo os conflitos sociais, na promoção de uma justiça neutra, justa e imparcial.


Câmara e Senado formulam e aprovam as leis reguladoras de todos os aspectos da sociedade, no sentido da resolução de problemas, formação e manutenção da infra-estrutura social, econômica e política do país.


O Presidente governa a população e administra os bens públicos, cumprindo as cartas magmas a nível federal, estadual e municipal.


A corrupção não faz parte do vocabulário, das leis, dos acordos políticos, das licitações e das prestações de serviço.


O cidadão fica tranquilo, sem se preocupar em poder perder direitos já adquiridos, ter aumento abusivo de suas obrigações sociais, não ser assistido, no mínimo razoavelmente, nos quesitos da saúde, bem estar, alimentação, segurança, educação e todos os deveres básicos do governo.


Este governo perfeito e o povo sortudo situam-se uma dimensão acima da realidade do nosso planeta, respondendo à pergunta do escritor Aldous Huxley: “E se a Terra for o inferno de algum outro planeta?”


Sim, pois a maior parte das tragédias e desgraças do mundo parte da ação irresponsável, perniciosa e egoísta da raça humana, em comparação à quantidade menor das criadas pela natureza, como catástrofes naturais e epidemias.


Mesmo estas, possuem o atenuante de ocorrerem e se expandirem devido à ignorância e desrespeito sobre sua origem e natureza, assim como a inépcia de seu combate por parte de autoridades e a população.


Na realidade, todas as doenças se deflagram pelo mesmo motivo, sejam pela alimentação, pela insalubridade do meio ambiente ou pelo desconhecimento médico das doenças do corpo humano, configurando um cenário existencial terrestre hostil à sobrevivência no mesmo tempo que a provê.


A mensagem chave para a vida é o respeito restrito às leis da natureza, que se defenderá e se voltará contra seu agressor, para a própria defesa.


A contravenção maior e pior acontece entre as leis humanas, impossibilitando a convivência saudável, progressiva e benéfica entre os homens, gerando conflitos de proporções épicas, por gerações a fio, em que se prejudicam entre si, culminando com adventos gravíssimos como o aquecimento global, e as pandemias atuais.


O egoísmo destruidor das classes dominadoras impede uma distribuição de renda mundial mais justa, finalizando a fome em massa de nações inteiras; governos corruptos se enriquecem mais e mais, cortando verbas básicas para uma vida decente e sustentável para os seus eleitores; multinacionais de alimento envenenam consumidores com substâncias cancerígenas; banqueiros esfolam a economia do cidadão comum com juros de agiotas legalizados; só para citar algumas mais flagrantes das fatalidades humanas.


Tal mundo conturbado até este ponto, malgrado sua longa existência milenar, pode ser chamado de inferno, não o cristão, mas o de outro planeta, superior a tudo em todos os sentidos, merecedor do governo ideal, ao qual, certamente, faz jus moral, legal e existencial.

E os que não fazem jus a este mundo melhor, pois há sempre um estranho no ninho, devem cair para a Terra, passando a valorizar o que tinha lá, o que não vão ter aqui.


É difícil imaginar o que eles perderam. Provavelmente, um maior controle sobre as doenças, seja por uma natureza menos hostil e mais amigável, seja pela responsabilidade maior do cidadão em sua sobrevivência.


Certeiramente, um mundo mais tranquilo, equilibrado em seu ecossistema, em justiça humanitária, legal e financeira, em equidade alimentar e de recursos naturais.


Idealisticamente, um domínio quase divino sobre o nascimento e a morte, mistérios desvendados e administrados com sabedoria e parcimônia, sobre o nosso pobre planeta, que recebe igualmente as bênçãos da vida e as fatalidades do falecimento, que sob este ponto de vista, devem ser considerados somente como fatos corriqueiros da existência humana, independendo do planeta, e da dor e alegria que causam.


Por outro lado, o planeta Terra pode ser considerado o paraíso de outro mundo, mais inferior evolutivamente, que ainda não alcançou nossos progressos sociais, espirituais e morais, ainda que não ideais, falhos e esparsos.

Similarmente, não é tal difícil imaginar o que este mundo “perderia”, em comparação ao que ganharia. Basta lembrar a Terra, séculos atrás e o nível de progresso em todas as áreas, visivelmente menor ao atual, apesar de tudo.


Com certeza, a humanidade seria incapaz de gerir o destino dessa sub-humanidade, a exemplo do que sucede a si mesma. Caso a hipótese desta cadeia de mundos, realidades e dimensões seja verdadeira, quem seria o guia mestre, oculto e esquecido nos dois mundos e, certamente, outros abaixo?


Wilson Nomura

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